‘O Príncipe Valente’ é a história da vez de ‘Filmes que o Tempo Levou’

A história de O Príncipe Valente é detalhada por Nelson Machado Filho Foto: Divulgação.

A crônica semana “Filmes que o Tempo Levou”  mergulha no universo de “O Pequeno Príncipe“, um clássico da literatura infantil e que se transformou em sucesso do  também no cinema.  Nelson Machado Filho, cinéfilo apaixonado, conta a importância da obra em sua vida.

Por
Nelson Machado Filho  

Sempre fui apaixonado por histórias em quadrinhos e “O Príncipe Valente”, de Hal Foster, é um dos meus preferidos entre centenas de heróis. O primeiro contato com o trabalho de Foster se deu em 1962. Naquele ano, eu ganhei de presente do Sr. Arthur Scalvi um pacote de gibis da Rio Gráfica Editora e entre eles estavam dois números do “Príncipe Valente”. E a partir de então, passei a colecionar os gibis que eram publicados todos os meses. Ainda possuo alguns exemplares.

A obra, que podia ser vista originalmente em páginas semanais de periódicos, teve sua primeira edição lançada em fevereiro de 1937 e, até hoje, mantém suas publicações.

O título, criado por Hal Foster, lendário quadrinista, que também deu vida a Tarzan, esteve nas mãos, também, do discípulo de Foster, John Cullen Murphy, e, atualmente, prossegue com Mark Schulz (roteiro) e Thomas Yeates (arte). O personagem criado por Hal Foster completa neste ano 82 anos.

E um dos filmes que me trazem muitas lembranças bem guardadas da infância é o “Príncipe Valente”. Filme que assisti pela primeira vez no dia 23 de março de 1966 na sala de exibições do Cine Variedades e perdi a conta de quantas vezes o vi na TV, no VHS e agora no formato DVD.

O PRÍNCIPE VALENTE” – Sinopse
O jovem príncipe Valente, filho do rei exilado da Escandinava, viaja para Camelot para se tornar um cavaleiro na mesa redonda do rei Arthur. Ele espera ajudar seu pai a recuperar o trono do viking-pagão usurpador Sligon e restaurar a fé cristã em sua terra natal.

Em sua jornada, ele encontra um misterioso Cavaleiro Negro conspirando com os representantes de Sligon para derrubar o rei Arthur. Mal escapando com vida, Valente encontra Sir Gawain, um dos cavaleiros mais ilustres da Távola Redonda, e um velho amigo de seu pai, que ensina ao jovem viking as habilidades necessárias para ser um cavaleiro.

O relacionamento entre aluno e mentor (Valente e Gawain) é complicado pelo envolvimento romântico com a princesa Aleta e sua irmã Ilene, filhas do rei de Ord. O príncipe valente deseja recuperar o trono de seu pai e, então, tenta impedir o golpe de estado contra o rei Arthur. Mas para isso ele tem que descobrir a verdadeira identidade do Cavaleiro Negro, o grande vilão da história.

Sessenta e sete anos atrás, apesar das críticas, os espectadores descobriram que o filme “Príncipe Valente”, da Fox, era muito melhor que o esperado graças à boa direção de Henry Hathaway e à riqueza de bom-senso e de detalhes. Os produtores ainda estavam encantados com o novo processo CinemaScope, que implorava por ação e belas configurações coloridas e levava multidões aos cinemas.

Nesta época, o revolucionário CinemaScope procurava filmar grandes produções para justificar este novo formato, e viram que “O Príncipe Valente” seria o espetáculo perfeito para se aproveitar o bom uso da tela e suas qualidades panorâmicas.

Isso já havia sido feito em “O Manto Sagrado”, em 1953, o primeiro filme lançado por esta inovação cinematográfica. Foi a primeira e a melhor adaptação da famosa história em quadrinhos de Hal Foster.

A direção coube a Henry Hathaway, dono de um currículo que comprova sua versatilidade como um dos grandes artesãos de Hollywood. Em “O Príncipe Valente”, ele testificou isso cabalmente, com uma realização que mesmo tendo suas adversidades técnicas e desencontro de duas mídias distintas (como são os quadrinhos e o cinema), soube guiar com estilo primoroso esta superprodução.

O filme teve uma atuação marcante de James Mason, como o vilão Sir Brack, Sterling Hayden, como o forte Sir Gawain; e duas belezas daqueles tempos no cinema, Janet Leigh e Debra Paget, ambas bonitas e maravilhosas como as irmãs, Aleta e Ilene.

Pena que a graciosa Debra Paget apareça muito pouco em cena. Robert Wagner contava com 24 anos quando atuou neste filme e ele escreveu em suas memórias que não fez uma boa interpretação. A dublê do personagem Aleta, vivido por Janet Leigh, era a adolescente Shirley Eaton, que mais tarde se tornaria uma das Bond-girls de James Bond no filme “Goldfinger”, de (1964).

O elenco coadjuvante é francamente bom, construindo papéis que causam um impacto considerável, com centenas de figurantes e uma dezena de dublês. Embora o filme tenha sido feito em estúdios, a fotografia e o ambiente mostrados foram bons.

Algumas cenas externas de paisagens e castelos foram filmadas por uma segunda unidade na Inglaterra durante a primavera e o verão de 1953, especificamente para este filme. Mas o restante foi gravado nos estúdios da 20th Century-Fox, na Califórnia (EUA), durante o outono de 1953.

Com cenários excelentes, castelos monumentais, atividades ao ar livre e torneios medievais muito bem organizados e fotografados com a direção de Lucien Ballard, este filme é um conto medieval com aventuras, diálogos indescritíveis, vilania, combates fantásticos, histórias de amor e heroísmo na grandiosidade do Cinemascope, embora no aparelho de televisão e no formato em DVD perca um pouco do esplendor do cinema.

Conservo do filme uma recordação agradável. Hoje os filmes transpostos para a tela exigem outros ângulos de interpretação diante dos efeitos das novas tecnologias. Mas eu prefiro os “mistérios” medievais do cinema do passado.

O Príncipe Valente” é um filme importante para a história do cinema por ser um dos primeiros produzidos pelo sistema de CinemaScope, além se tratar da primeira adaptação para as telonas de um clássico das histórias em quadrinhos.

Ficha Técnica
Filme
– “O Príncipe Valente
Produção – Fox Filmes
Ano – 1954
Direção – Henry Hathaway
Elenco – Janet Leigh, Robert Wagner, James Mason, Debra Paget, Sterling Hayden, Victor McLaglen e Donald Crisp
Roteiro – Dudley Nichols (baseado nas histórias em quadrinhos de Harold Foster)
Música – Franz Waxman
Fotografia – Lucien Ballard
Diretor de figurino – Charles Le Maire

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